[LIVROS] RESENHA – SERRARIA BAIXO-ASTRAL

Na opinião de Lemony Snicket, "de todos os volumes que contam a vida infeliz dos órfãos Baudelaire, Serraria baixo-astral talvez seja o mais triste até agora". Alto-Astral é o nome da serraria que serve de cenário para as novas calamidades que Klaus, Violet e Sunny serão obrigados a viver. Trata-se de uma "ironia do destino", pois ali, no meio daquelas árvores derrubadas, daquelas enormes toras de madeira, o que as três crianças vão encontrar é mais uma coleção de coisas horripilantes, tais como uma gigantesca pinça mecânica, bifes do tipo sola de sapato, uma hipnotizadora e um homem com uma nuvem de fumaça no lugar da cabeça. A vida dos Baudelaire é mesmo muito diferente da vida da maioria das pessoas, "a diferença principal estando no grau de infelicidade, horror e desespero"...

Diante desse quadro, algum leitor desavisado pode desconfiar: "Como é que alguém vai se divertir com um livro desses, se as personagens não param de sofrer?!". A pergunta faz sentido, mas é justamente aí que descobrimos um dos melhores segredos de Lemony Snicket, pseudônimo do americano Daniel Handler. Ele leva o exagero às raias do absurdo, faz o realismo perder feio para o mais deslavado faz-de-conta e o resultado não poderia ser outro: um jogo literário incessantemente bem-humorado.

Depois de escapar do último plano maligno do conde Olaf no livro anterior os irmãos Baudelaire são levados a um novo “tutor” mais uma vez, o Senhor (Ele não tem nome, pois é muito grande e complexo de se falar, então todos o chamam assim). 

As próximas desventuras acontecerão na minúscula cidade de Paltryville, uma cidade de apenas uma rua.

O “lar” das crianças na verdade seria o trabalho delas. O Senhor é um homem ruim que acredita que os órfãos devem pagar para terem onde dormir e o que comer, então já dá para imaginar que na serraria Alto-Astral os infortúnios aumentam tanto, que vai ser difícil ficar pior no próximo livro.

"Os órfãos Baudelaire olharam através da janela suja do trem e contemplaram o negrume melancólico da Floresta Finita, pensando se algum dia a vida deles melhoraria".

(pág.10)

A vida na serraria é muito dura, pois os irmãos tem que trabalhar como adultos podendo sofrer um acidente nos equipamentos perigosos, tem que aturar um capataz severo e maldoso, sem mencionar que o almoço é apenas um chiclete e, apesar de existir uma biblioteca, esta tem só dois livros. Não bastasse isso, o conde não desiste de roubar sua fortuna. 

Num dia de trabalho o capataz Flacutono faz o Klaus cair causando a quebra de seus óculos. Então o menino acaba tendo que ir no único oftalmologista da cidade, onde ele passa horas  e quando chega está muito esquisito. 

A estranheza de Klaus coloca todos os irmãos em apuros. Cabe então às duas irmãs, Violet e Sunny, descobrirem o que houve com seu irmão, e desvendar o paradeiro do Conde Olaf, que ainda não deu o ar da desgraça...

Minha impressões:

1- Se você já está no quarto livro então provavelmente leu os três primeiros, e está mais que ciente que a historio é muito triste, mas neste livro, serraria baixo-astral, o autor se superou. Me senti muito mal com as crueldades feitas com as crianças. Dei até um intervalo para ler outros livros antes de continuar a saga.

2- Embora a maldade esteja maior, a fórmula continua a mesma, e como já disse na última resenha isso está me incomodando. Porém como pesquisei, vi que depois dos sexto isso vai mudar, por isso vou continuar lendo, pois curto muito a escrita ágil e cuidadosa do Lemony.

Título: Desventuras em Série - Serraria baixo-astral

Autor: Lemony Snicket
Editora: Cia das Letras
Páginas: 176

Ano: 2002

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