Title: [REVIEW] THIS IS US - S01E04 & S01E05 - THE POOL & THE GAME PLAN
Author: Diário de Seriador
Rating 5 of 5
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This Is Is é uma série que, por ter como base os dramas humanos, sempre irá trazer à tona para um debate interno e externo temas que se...
This Is Is é uma série que, por ter como base os dramas humanos, sempre irá trazer à tona para um debate interno e externo temas que sejam polêmicos. A questão da obesidade tem sido debatida desde seu início com a personagem de Kate, porém, em “The Pool” tivemos um pouco mais de acesso a infância dela e do preconceito sofrido devido ao seu peso. O preconceito racial também é um pouco debatido com Rendall e com sua família de modo geral.
Racismo. Ainda é difícil de acreditar que coisas assim ainda ocorram, mas, a menos que você viva em uma bolha, você sabe que isso é mais comum do que aparenta. O racismo nesse episódio é tratado em dois momentos, um deles particularmente cruel. O primeiro é quando Willian está andando pela vizinhança esmagadoramente branca e é abordado por um policial, chamado pelos vizinhos, exigindo que este mostre seu RG. Como se por Willian ser negro e estar usando roupas mais simples, ele fosse automaticamente um ladrão.
A reação dele é absolutamente normal. A revolta. O preconceito não é novidade, mas de maneira alguma pode ser considerado normal. Quando Rendall chega e acalma a situação é o estopim para que pai e filho entrem numa discussão importante: Porque Willian – ou Rendall- precisavam pedir desculpas por SOFRER uma situação de preconceito? Acho que o mais incomoda nessa cena é que é possível perceber o quanto ela é rotineira. E o quão absurdo isso é. Mas precisamos encarar isso como um convite para mudar essa realidade. Um convite a não se calar e a não ser conivente com situações desse tipo. É um convite para pensar.
A outra situação, a que citei como cruel, é quando a filha de Rendall está representando a Branca de Neve numa peça de teatro. E todos os pais estão rindo da garota negra interpretando a Branca de Neve. Segundo Rendall, aquela era uma escola extremamente respeitada, uma das melhores e, ainda assim, os pais estavam com preconceitos tão enraizados a ponto de rir de uma criança em uma peça teatral. Essa cena é para entristecer qualquer um.
Kate, por sua vez, trava sua luta contra os preconceitos que sofre. Ao conhecer a ex mulher de Toby, uma mulher rica e, principalmente, magra ela nos leva a um flashback para mostrar como sua infância foi dura. Na piscina, quando ela estava toda feliz com seu biquíni de ursinhos carinhosos, suas “amigas” mandam um bilhete dizendo que ela as envergonha e que, portanto, elas não podem mais andar juntas. Claramente elas se afastam de Kate por vergonha do seu peso e foi maravilhoso ver como Jack lidou com a situação, conseguindo mostrar para Kate que ela pode ser quem ela quiser. Inclusive uma princesa com coroa de óculos de sol.
Podemos ver, também, um pouco da origem da insegurança de Kavin. Ele tem uma necessidade absurda de atenção e mais do que isso, aprovação, das pessoas. Ao ver os pais dando atenção e lidando com os problemas dos irmãos, ele se sentia deixado de lado. E hoje ele precisava da aprovação constate da irmã para tomar suas decisões. Ele conseguir o papel da peça em Nova York é a chance dele provar que pode ser mais que “O Babá”. É a chance de mostrar que ele pode ser mais e, para isso, ele só precisa confiar mais em si mesmo.
Em “The Game Plan” nós aprendemos que, apesar de tudo, nós sempre estaremos presentes na pintura.
Acredito que uma das decisões mais difíceis de se fazer em um casamento é quando chegou a hora certa de ter filhos. Colocar uma criança, um novo ser humano no mundo, é uma responsabilidade tão grande que, claro, assusta. É difícil saber quando você está pronto, se você algum dia estará pronto. Medo é natural do ser humano. E as dúvidas também são.
Rebecca não se sentia pronta para ter filhos, mesmo que todas as suas amigas tivessem. E aqui é importante ressaltar algo muito importante: a pressão da sociedade sobre a mulher ser mãe. “Todas as minhas amigas estão grávidas e eu não, eu não estou pronta. Tem algo errado comigo”. É importante entender que cada um tem seu tempo, cada mulher tem seu momento e não há nada de errado com você se, por acaso, você optar por não ter filhos.
Jack e Rebecca brigam por este motivo e depois acabam sendo pais de três crianças maravilhosas e mesmo com todas as dificuldades eles fazem o seu máximo para que as coisas deem certo. Ter mais um bebê é, também, o medo de Rendall e Beth.
É claro que eles iriam procurar o lado positivo da situação caso ela estivesse de fato grávida, mas deve ser complicado depois de tanto tempo, com suas filhas já grandes pensar em voltar a ter filhos. Beth queria voltar a trabalhar, se redescobrir, Rendall há tinha seus planos secretos para o futuro e ali, mais uma vez, o que poderia ter sido uma briga se tornou uma situação sobre apoio. Eu admiro demais esse casal dentro da série, pois entre eles existe um nível de admiração, respeito e compreensão lindos. É algo para se almejar verdadeiramente.
Relacionamentos nem sempre são fáceis e, por mais que você esteja com uma pessoa, é preciso que ela entenda que você tem seu espaço, suas manias e seus próprios rituais e que, acima de tudo, eles significam algo para você. Assistir futebol sozinha era algo importante para Kate e ela deixa claro que era algo que Toby deveria ter respeitado. Finalmente temos a confirmação que buscávamos desde o inicio: Jack está realmente morto. Mas é possível observar o quanto os filhos ainda sentem a presença do pai como algo constante, uma ligação tão única que pode ser sentida até mesmo assistindo um jogo de futebol e lembrando de quando vocês eram crianças ele deixava você falar durante as partidas.
No final, exatamente como aprendemos com Kevin, a vida é uma pintura confusa onde cada pessoa que conhecemos deixa sua marca indelével. Cada pessoa que cruza o seu caminho te mostra algo e te ensina algo, a pessoa que cruza seu caminho sempre estará na sua pintura, principalmente se ela for importante para você. E você está na pintura da vida de cada pessoa com a qual você já cruzou, já pensou nisso? É confuso não sabermos como as coisas vão terminar, quando vamos morrer e como tudo vai acontecer. Mas existe beleza no desconhecido. Rendall encontrou seu pai a tempo e passar um tempo com ele como sempre sonhou. Willian entrou na vida de Kevin para mostrar para ele que ele possui sim talento. Kevin ainda pode dividir sua pintura e sua forma de ver as coisas para suas sobrinhas. Toby entrou na vida de Kate quando ela não estava procurando por um relacionamento e tem feito ela muito feliz.
São os acasos que nos moldam, são os acasos e as pessoas que nem imaginamos conhecer que colorem nossas vidas. Se tudo acontece por uma razão, essa série vem para nos lembrar que precisamos viver cada momento como se fosse o último, afinal, “Não há limão tão azedo que você não possa transformar em algo parecido com limonada.”