(Peço que você coloque para tocar neste momento "In My Veins" seguida de "Time of Our Lives - Tyrone Wells". As coisas farão mais sentido).
A ideia de abandonar minha casa era algo que me assustava desde pequena. Um dia ouvi minha mãe dizer que se algum dia eu deixasse minha casa efetivamente, nada mudaria porque eu tinha um lar. Esse conceito, naquela época, era algo abstrato para mim. Não entendia o que ela queria dizer. Anos mais tarde, fui percebendo que a ideia de lar é algo bem mais complexo. É a ideia de algo que te conforta, te traz paz, te traz a sensação de pertencer. Hoje percebi que no dia 9 de março de 2009 eu ganhava um novo lar. Eu ganhava uma nova família. Dizer adeus para a casa é difícil, dizer adeus ao seu lar? Não tenho certeza que conseguirei explicar o que sinto. Não tenho certeza que as palavras que se seguirão farão algum sentido.
A oito anos atrás – embora não pareça- nós nos deparávamos com uma detetive focada, inteligente e absolutamente fechada. Kate Beckett era a figura enigmática que nós não sabíamos muito bem o que esperar. Nós não sabíamos o que ela poderia nos mostrar. Nós não fazíamos ideia. Por outro lado, tínhamos a nossa eterna criança de 9 anos, egocêntrica, que gostava de chamar atenção e que ficou tão intrigado pela famosa detetive quanto nós. A oito anos atrás nós decidimos que essa era uma história que merecia ser vista. Era uma história que de alguma forma nos mudaria. Mas será que tínhamos noção do quanto nossa vida mudaria devido a essa história?
Não poderíamos imaginar que estávamos prestes a ver, semana após semana, uma história de amor como nenhuma outra ser escrita. Eu poderia estar nos meus piores dias, mas de alguma forma, saber que eu teria essa história para ver me animava. Afinal, em Castle tudo dava errado antes de dar certo. Porque a vida é assim. Aprendi com Castle que as mais belas histórias de amor não são convencionais e que podem, por ventura, demorar anos para realmente acontecerem. Que é normal sentir medo (de amar e ser amado). Que é preciso se deixar levar e por vezes aceitar que não importa o quanto lutemos, o destino apronta suas peripécias. Lutar. Aprendemos que mesmo caídos, mesmo quebrados, mesmo sem esperança, não podemos parar de lutar. Podemos derrubar muros, não podemos desistir. Aprendi que todos podem ser extraordinários como Kate Beckett
Ela me fez entender que está tudo bem ter cicatrizes, que está tudo bem estar machucado, quebrado. Que está tudo bem ao parecer que o mundo é um lugar pesado e que você precisa carregar o peso deles nos seus ombros. Basta você saber equilibrar. Basta você pegar a corda bamba que é a vida e lidar com isso da melhor forma que VOCÊ puder. Ela me ensinou o que é coragem, determinação, garra e o não desistir. Ela me mostrou que está tudo bem em querer ser mais do que você é.
Aprendi com Richard Castle que por vezes é preciso deixar a imaginação florir e que, quem sabe, ao escrever um livro você acabe encontrando o amor da sua vida. Novamente, o que você não pode é desistir. Esse amor, pode eventualmente, demorar quatro anos para se consolidar mas que cada segundo vai valer a pena. Cada segundo, cada aventura, cada experiência de quase morte e a felicidade do reencontro valerão a pena.
Acabei percebendo que em minha ânsia de dizer o que Castle significa, eu não falei do episódio. Deve ser porque ele veio com o gosto amargo de quem sente que os produtores não estavam preparados para uma Series Finale. Perceberam que fora Kate e Rick nenhum personagem teve um final? Não sabemos o que aconteceu com eles. A produção não estava preparada para uma series finale dessa forma. Para falar da história que nos trouxe a essa finale, precisamos fazer uma retrospectiva dentro dessas maravilhosas temporadas que antecederam a oitava.
De todos os casos investigados o mais pesado, o mais triste, o mais denso, sempre foi o caso Johanna. Ela foi a base de uma série inteira sem nem ao menos aparecer de fato em nenhum episódio. Eu chorei por ela. Eu chorei com a filha dela. Eu quis ver justiça ser feita. Quando vimos pela primeira vez em “A chill goes through her veins” Katherine Beckett nos contando sobre sua mãe, não poderíamos imaginar a quantidade de coisas que nos aguardavam. Quando em “A Death in the Family” Castle conta para a Beckett sobre as descobertas que havia feito no caso de sua mãe, nós sabíamos que uma linha havia sido cruzada. Nós vimos Kate matar Connan em “Sucker Punch”. Vimos o desespero que a perspectiva de perder a única pista que ela tinha sobre o caso de sua mãe ser morto. Mas havia muita bagagem nessa história para ser revelada.
Quando em “Knockdown” nos deparamos com uma grande quantidade de informações a cerca do caso, quando nos deparamos com a figura de Vulcan Simmons vimos a coragem de Kate brilhar. Vimos à coragem que de alguém que traça um objetivo e não desiste até alcançá-lo. Vimos à força de alguém que luta, luta por justiça, luta por sua mãe, mas não luta só. Vimos um Castle admitir mais para si mesmo, mais do que para a Martha, que não se tratava mais apenas dos livros. Descobrimos que ela havia acordado o dragão. O choque da traição, da culpa, da surpresa, da negação e da perda nos atingiu como um navalha em “Knockout”. Vimos Beckett descobrir – e descobrimos com ela- que uma das pessoas mais importantes no curso as sua vida, sabia da verdade o tempo todo. Roy morreu como herói. Ele era sortudo o suficiente para ter alguém que permaneceria ao lado dele. Vimos Beckett morrer. Vimos Castle admitir que a amava.
Mas vimos ela lutar. Vimos uma Beckett que não desiste e que, mesmo que suma durante meses depois de tomar um tiro, volta para o lugar ao qual pertence. Lugar é algo relativo e não se surpreendam quando o lugar for um alguém. Ali, em “Rise”, conhecemos a importância dos balanços e de quanto significado eles podem carregar. Vimos Beckett lutar para sobreviver depois do choque da descoberta da verdade em “Always”. Vimos ela ter de encarar a verdade dos sentimentos de Castle pela primeira vez e do quanto ela não estava pronta para lidar com os próprios sentimentos. Vimos ela fugir. Vimos ela quase morrer (novamente porque ela adorava nos dar sustos pelo menos uma vez por temporada).
Vimos ela gritar por Castle, num desespero que não vinha do fato de estar morrendo. Mas sim do fato de estar morrendo sem ter admito seus sentimentos por aquela criança que havia crescido e permanecido ao lado dela em todos os momentos. Vimos ela, pela primeira vez, colocar seu coração a frente de qualquer coisa (será que releu a carta de Royce em algum passo desse caminho?). Vimos ela ir para os balanços e perceber que não ter aquele alguém ao seu lado não era algo que ela estava disposta a suportar. Ela foi atrás. E ali, neste momento, entre as paredes do apartamento e entre as trovoadas que poderiam ser facilmente relacionados ao turbilhão da cabecinha de nossa detetive favorita, vimos o momento mais mágico de uma história de amor que vinha crescendo a quatro anos.
Foi fácil? Não foi. Mas as grandes histórias de amor são sobre vencer os obstáculos, não é mesmo? Quando ela achou que finalmente poderia viver em paz, a presença de Maddox não deixou. E então veio, entre todas, a descoberta mais pesada de todas. Em “After the storm” descobrimos que um senador americano estava por trás de tudo. Fomos apresentados a um Bracken que aprendeu de forma dura que e não faz ideia do que Beckett é capaz. Capaz, inclusive de salvar a vida dele em “Recoil”. E eu espero que vocês consigam captar a magnitude da alma dessa detetive. Que poderia ter deixado o assassino de sua mãe ser assassinado mas não deixou. Os valores e a dignidade dela estão acima de qualquer coisa. Estão acima de Bracken. Vimos Beckett ser torturada e quase morta por Simmons em “In The Belly of the beast”. Vimos ela finalmente ver justiça ser feita em “Veritas”. A verdade vence todas as coisas. Vimos o final de um ciclo ser fechado, vimos Kate Beckett algemando o culpado pela morte da sua mãe.
Eu pude sentir o orgulho que Johanna sentia de sua filha. E agora, nesta temporada vimos Kate Beckett derrotar o ultimo de seus inimigos. O aliado que matou Bracken. Loksat foi sempre um plot que não agradou, isso não é novidade alguma, não havia sentido algum dentro da história da série. Quando, alguns episódios atrás, Caleb dá o celular que permitiria a Beckett rastrear a localização e revelar o grande mistério, todos sabiam que nada de bom poderia acontecer. Mas Caleb estar por trás de tudo não foi uma grande surpresa. Mason estar por trás sim, foi algo que ninguém poderia prever e foi a grande revelação da finale, que já dava seus passos para a nona temporada até ser parado pelos fãs.
Um nome enigmático que surgiu na série com um único objetivo: Eliminar Kate Beckett. E quase conseguiu. Quase tivemos Kate tendo o seu final sangrando no chão da cozinha. Não teríamos visto o final, mas saberíamos que ela estaria com Johanna. Saberíamos que mãe e filha estariam juntas (da forma mais cruel e injusta possível). Alguém que lutou tanto pela felicidade, alguém que desafiou dragões e venceu batalhas, alguém que deu a cara a tapa e fez por merecer cada segundo de felicidade ao lado do homem que ama, merecia mais. Ela merecia que um viajante do tempo estivesse certo. Ela merecia morar em nova York, virar senadora e ser mãe de três filhos, enquanto permanecia feliz e casada com o amor da sua vida.
O amor da sua vida. Aquele escritor que ela era fã, lembram disso? Aquele escritor que pensou que nunca mais escreveria até ver sua musa entrando por aquelas portas. Pode ser que tenham existido brincadeiras sobre os maravilhosos olhos dela. Pode ser ela que tenha fingido durante anos que não sentia nada por ele. Pode ser que ambos tenham errado e entrado em relacionamentos que não faziam sentido. Pode ser que eles tenham salvo a vida um do outro mais vezes do que seria saudável. Pode ser que balanços, café, cubos de gelo, cerejas, algemas e tigres tenham ganhado um novo significado. Pode ser que a mistura do real com o imaginário possa dar certo. Pode ser que um escritor possa casar com sua musa e viver feliz para sempre. Uma criança de 9 anos que mudou e amadureceu para conquistar de verdade o amor da sua vida. Uma mulher fechada que foi se abrindo por não conseguir mais lutar pelo que sentia por aquele que veio a ser o seu lar.
Lar. Eu falei dessa palavra lá em cima.
Rick. Kate. Nós. Se eles eram o lar um do outro, eles em conjunto eram o nosso lar. Nosso canto de conforto. O lugar onde a gente pertencia. O lugar onde nosso coração encontrava paz pelos últimos oito anos. Tudo bem, sete anos, afinal o oitavo foi bem amargo. Eu não esperava que uma série fosse me trazer tudo isso. Todas as coisas fantásticas que Castle trouxe. Nós vimos essa história acontecer e assim como Kate e Rick lutaram pelo final feliz deles, nós lutamos pelo nosso. O que, como fãs, passamos nas últimas semanas não foi fácil. Mas eu quero que pensem além disso. Eu quero que vocês olhem para trás e pensem nas lições que essa série no trouxe. Nos laços que criamos. Na família que fizemos e em como Castle ainda vai existir dentro de nós. Castle não acabou, não acabou porque cada um de nós carrega essa série no coração com uma marca indelével que nada, nunca poderá tirar.
Carregamos Castle e Beckett no mais profundo de nosso ser. Castle nunca foi uma série comum. Sempre foi uma série sobre o sentir. Sobre aprender sobre si e sobre o outro. Sobre se deixar sentir. Não consigo levar apenas más recordações do meu lar. Eu não consigo porquê essa série (porque Stana) colocou na minha vida pessoas que são um lembrete de tudo que melhor que eu vivi nos últimos 8 anos. Porque as pessoas te dizem para ter medo de quem que você conhece na internet, mas não dizem que algumas dessas pessoas são as melhores que você poderá conhecer no curso da sua vida. Eu não consigo levar más recordações daquela série que me trouxe um ser humano tão iluminado quanto a Stana para que eu pudesse me inspirar nela. Para que eu pudesse ver e admirar a magnitude da alma e do coração desta mulher. Essa mulher que eu não conheço pessoalmente (e provavelmente nunca conhecerei), mas que eu carrego com tanto amor e força dentro do meu coração que eu não preciso disso. Eu carrego as memórias que ela me trouxe, os sorrisos que ela já colocou em mim, os abraços e sorrisos que ela já colocou na memória de pessoas que são especiais para mim. A família que ela me deu. A gratidão que eu tenho por esses 8 anos e infinitas pessoas e memórias não cabem em mim.
Como eu posso dizer adeus para algo que jamais sairá de mim? Para algo que eu sempre carregarei em meu coração? Como posso dizer adeus quando todo o meu ser ainda encontra detalhes e memórias que dizem que essa série não merece um adeus? Ela não merece um adeus. Porque não importa quanto tempo passe, ela sempre será nosso lar. Não gosto de adeus. Então, se me permitem continuar fantasiando, eu prefiro pensar em Senadora Kate Beckett e seu marido Richard Castle colocando a pequena Lily e os pequenos Jake e Reece para dormir. Contando para eles como papai e mamãe se conheceram. Como lutaram para estarem ali contando essa história para eles, completamente felizes. Levando as crianças para os balanços que estiveram presentes nos mais importantes momentos da vida deles. Talvez eles contem de como uma gaveta foi o melhor presente de dia dos namorados. Talvez ela conte que era o número um da bucket list dele. Talvez ela conte a eles sobre a força da avó. Talvez todos eles joguem laser tag juntos. Talvez eles expliquem tudo que um café pode significar ou debatam quem se apaixonou por quem primeiro, até chegarem a conclusão que isso não importa porque eles, e essa família, são a maior conquista um do outro. Talvez eles não tenham a dificuldade que eu tive para entender o que é lar.
Eu nunca esquecerei os primeiros passos de Kate Beckett no nosso amado 12th, assim como jamais esquecerei os últimos. Jamais esquecerei o primeiro beijo caskett, assim como jamais esquecerei o último. Jamais esquecerei encontros e desencontros. Verdades e omissões. Jamais esquecerei Castle. Que as pessoas mais notáveis, enlouquecedoras, desafiadoras e frustrantes que nos inspiram a fazer grandes coisas não sejam esquecidas. Que a dança nunca termine a música nunca pare. Eu não gosto de finais. Então não vejo outra forma de terminar algo que não merece ser terminado. Já vimos Richard Castle e Kate Beckett dizerem adeus a muitas coisas. Já vi Kate se despedir de partes da sua história e do “Best Apartament Ever”. Hoje, é nossa hora de dar nosso adeus a ela. Ela lutou pela gente e nós lutamos por ela. Seu final feliz é nossa retribuição a oito anos de amor, paixão e dedicação. Seja feliz, minha linda. Hoje, amanhã e