No subterrâneo de lugares onde é
muito difícil de chegar, duas antigas raças travam uma guerra milenar: os
Avicen, pessoas com penas no lugar de cabelo e pelos; e os Drakhrin, que tem
escamas sobre a pele. Ambas possuem magia correndo nas veias, o que as separa
de todos os humanos... Menos de uma adolescente chamada Echo.
Echo conheceu os Avicen quando
era criança, e desde então eles são sua única família. A pedido de sua guardiã
no mundo mediterrâneo, a garota começa uma jornada em busca de um pássaro de
fogo, uma entidade mítica que, segundo uma velha profecia, é a única forma de
acabar com a guerra entre as raças de vez. Mas Echo precisa encontrar o pássaro
antes dos Drakharin, ou então os Avicen podem desaparecer para sempre.
Sobre esse livro eu tenho duas
coisas para abordar: a linha que eu gostei, e a de que fiquei frustrada com a
falta de detalhes. Porque olha, eu realmente gostei da história, ela teve toda
uma fluência legal, você não consegue largar, tem história o suficiente para te
prender. O grande problema: eu queria saber mais, já que jogam os Avicen e
Drakharin a toa na história. E vou explicar tudo.
Vamos lá. A historia da Echo, uma
criança de seus 7 anos morando sozinha na biblioteca pública de Nova York, pois
fugiu de casa (o que se dá a entender na história é que a mãe dela era abusiva
com ela e nenhum outro familiar impedia, e, como ela não aguentou, fugiu). Então,
nessa biblioteca ela acaba conhecendo a Ala, uma Avicen, e a mesma se torna sua
guardiã e única família, a levando para viver com a própria raça. E lá ela
cresce recebendo olhares e críticas do tipo “Você não é daqui, aberração!” ou “Nós
te toleramos por causa da Ala, então fique no seu lugar”.
Com poucos amigos feitos com os
Avicen desde criança, ela cresce e vira uma ladra profissional para tanto a Ala
quanto a raça dela, o que é irônico. Eu gostei disso. Eu gostei do fato dela
ter sido escolhida para ir atrás do pássaro da lenda, que acabaria com a guerra
e ter trombado com o príncipe deposto da outra raça (que por acaso foi deposto
pela própria irmã louca), que está fingindo ser um mercenário (com a ajuda do
ex-capitão da guarda, que está com ele).
No outro lado existe o Caius,
príncipe da raça Drackharin, que depois que perdeu a mulher que amava há umas
décadas (de novo, pela mão da irmã), que era uma Avicen, não
aguenta mais tanta guerra entre os Avicen e sua raça, resolvendo empreender uma
busca de 100 anos (tempo em que a Rose, a mulher que amava, tinha introduzido a
paz na vida dele e morrido) pelo mesmo pássaro, sem sucesso. Por isso a irmã
resolve tirar ele do trono, acabando assim por ajudar Caius a fugir com a
Echo.
Nesse meio tempo, eles têm um
objetivo em comum, um passado parecido, o que leva os dois a quererem a mesma
coisa no futuro: paz. Levando também a junção mais estranha de um grupo: Dorian
(amigo leal do Caius e capitão da guarda também deposto) e Caius, Echo, Ivy
(amiga Avicen da Echo), e Jasper a continuar essa procura pelo pássaro. Também
dando a chance de começar um triângulo amoroso: Echo, Caius e o futuro ex da
Echo (que, por um acaso também é um Avicen, que cresceu com ela). Por mais que
ache legal ter romance, cansou ter sempre a maldição de um triângulo amoroso,
está se tornando comum, chato pra caramba e que ninguém mais aguenta. Eu
realmente espero que tirem o ex da Echo da jogada.
Enfim, o que eu gostei da
história foi isso tudo. Essa ação, essa mistura de personagens, inclusive com
gays (no caso Dorian e Jasper). Ver a interação das duas raças, o preconceito
indo embora, a raiz do problema “a sua raça é um monstro” com conversa e
interação, e a busca pela profecia. Empolga ver a tensão entre as duas raças
tão evidente, o que faz você não querer para de ler para ver como vai terminar.
Agora o problema: a falta de
base. Por quê? Não mostra a história dos Avicen e Drakharin. De onde vieram as
duas raças e por qual motivo elas estão aqui? Por que elas são humanas com
características de dragões e aves? Qual o sentido da guerra além de “ah, os
Avicen roubaram nossa magia, e a gente mal consegue fazer alguma coisa hoje”?
Tá, eu sei que a guerra dura o suficiente para esse motiva ser esquecido por
ambas as raças, mas eu realmente queria saber. Esses detalhes seriam bem importantes,
porque acrescenta na história, deixam o leitor ainda mais envolvido e louco para
saber mais e mais. Não foca só na cansativa narrativa de quem são eles, o motivo da guerra, já que vai ter a ação dos personagens já falados mais aí em cima, de
acabar com isso e achar o tal pássaro. Tem que ter essa mescla. Não sei se é
porque eu leio só livro assim, que tem sempre essa explicação, de algum modo,
para complementar a história principal. Aí quando falta, eu fico meio perdida.
Então assim, a única coisa ruim
que posso dizer desse livro é a falta de maiores informações mesmo. Porque de
resto: muito amorzinho a história. A maioria dos personagens são legais. As
magias, como o entremeio, por exemplo, em que você viaja pela escuridão de um
lugar para o outro, sem precisar de um incômodo como avião, é bem legal. Queria
experimentar, mesmo sabendo que ia ficar que nem a Echo, enjoada. Já que, para
um humano, ter que se viajar com algo que ligue um local a outro, usando portas
ou algo natural, como árvores, enquanto as duas raças não precisam
dessa ligação. Mostra um pouco da cultura dos dois lados. Bom pouco, mas
mostra, e quero mais disso.
(SPOILER, mesmo que óbvio)
Antes de terminar: eu dou um doce
pra quem acertar quem é o pássaro!
Título: A Profecia do Pássaro de Fogo
Autor: Melissa Grey
Editora: Seguinte
Páginas: 296
Ano: 2016


