Recém-divorciada e sem emprego, Claire decide aceitar o convite do amigo de infância para trabalhar na redação do pequeno jornal de Salina, cidade natal que não visitava há muitos anos. Ainda na estrada, contudo, uma notícia no rádio a pega de surpresa: um rapaz de apenas 17 anos é encontrado morto em Salina, e uma informação sobre seu estado traz à tona lembranças do assassinato do irmão de Claire. Ocorrido há mais de uma década, o caso não solucionado marcou a população local para sempre
Outro filho da Bienal do Rio desse ano. Dessa vez conheci esse livro num encontro promovido pela própria editora, dando uma oportunidade para a freak nerd leitora aqui ter uma aproximação com os escritores e entender melhor o processo de escrita. No caso desse, um pouco diferente, já que são duas autoras fazendo uma única história.
O que mais me empolgou para ler, é que eu sempre fico mega feliz quando grandes editoras dão espaço para autores brasileiros, e principalmente em gêneros dominados pela literatura estrangeira. Além do tema da história ser bem legal, envolvendo assassinatos, religião, poder e muito mistério.
Claire é uma filha não tão pródiga que volta a sua pequena cidade para um emprego e devido a um assassinato se sente impelida a investigar tanto essa morte como a do irmão. Para falar a verdade, fiquei numa relação de amor e ódio com a Claire, em alguns momentos ficava morrendo de pena e em outros queria desesperadamente dar um high-five nela, na cara, com uma cadeira.
Mas dá para entender até mesmo a falta de bons sentimentos que ela provoca, afinal a mulher passou por alguns dos piores traumas que uma pessoa pode passar (e ao longo do livro você descobre que ela realmente precisa de um banho de sal grosso), não dá para se manter totalmente estável e ser a protagonista destemida, apesar dela se mostrar bastante forte e corajosa em certas partes.
Eu gostei muito de como as escritoras exploraram a insatisfação da protagonista com a religião, muitos amigos meus que vem de cidades do interior sempre reclamam de como esse fator tem um papel ainda mais avassalador e julgador nesses lugares. E é sempre legal conhecer um pouco mais sobre diferenças crenças que não são muito tradicionais no Brasil. No encontro da editora, as autoras falaram sobre as pesquisas que fizeram para entender melhor os mórmons e como é a estrutura dessa igreja.
A abordagem sobre o preconceito e hipocrisia da sociedade foi bem feita, sobre como é difícil dentro de uma comunidade pequena aceitar totalmente o diferente e como algumas pessoas preferem fugir do que correrem o risco de serem apontadas na rua.
Do meio para o fim do livro, a história foi crescendo de forma rápida e bem feita. No princípio não tinha gostado tanto do final, mas acho que porque deixou um gostinho de WTF. Só que depois de me conformar apreciei o fato dele ter realmente me surpreendido, e parte da minha mágoa era por ele não ter ido pelo caminho que estava pensando hahaha
No mais, acho que a parceria funcionou, com algumas ressalvas quanto a escrita que em muitas partes podia ter sido melhor e os personagens secundários que mereciam um desenvolvimento mais aprofundado. Mas mesmo assim o livro é bom, e faz com que você fique pensando no que diabos está acontecendo naquele lugar. Estou ansiosamente esperando por mais novidades delas.
Se você quer saber mais sobre as autoras,
aqui os vídeos do canal da Pathy, nos quais elas falam sobre a história e dúvidas quanto a construção do livro.
AUTOR(A): Pathy dos Reis, Maria Carolina Passos
PÁGINAS: 272
EDITORA: Leya
LANÇAMENTO: 2015
ONDE COMPRAR: http://www.submarino.com.br/produto/10849813