Mesmo com direito a toda essa mordomia, Hannibal sobrevive alimentando-se das lembranças do seu Palácio de Memória, pois lá ele encontra algo mais precioso do que os luxos de uma vida regalada: liberdade.
Com sua prisão, a trama dá um salto temporal de 3 anos. Tempo este necessário para Jack reconstruir sua carreira no FBI e Will recomeçar uma nova história, dessa vez ao lado de Molly e seu filho, Walter (originalmente, o garoto se chama Willy).
Com Molly, Will encontrou a possibilidade de participar de algo nunca experimentado antes: ser integrado a uma família. Molly aceitou Will quando ele era vítima dos seus próprios medos e delírios. Com ela, ele se tornou estável. O retorno de Jack à vida do marido vem como uma ameaça a tudo o que os dois construíram juntos, principalmente porque, voltando ao FBI, Will expôs sua família ao perigo (eles não sabem disso ainda, mas nós sabemos). Perigo este que atende pelo nome de Francis Dolarhyde. Muita gente conhece o plot do Dragão Vermelho devido ao sucesso do filme, mas poucas pessoas conhecem a história dramática do Francis. Pra quem não conhece, eu apresento:
Francis é filho de Marian Dolarhyde com um músico sem futuro (com quem ela teve um caso e foi expulsa de casa). O bebê Francis parecia “mais um morcego do que com um recém-nascido”. Sua aparência é devido ao fato de ele ter nascido com lábio leporino. Marian, ao vê-lo pela primeira vez, gritou tanto que teve de ser anestesiada.
A criança foi então abandonada em um orfanato. Aos nove anos, a avó descobriu a existência do neto e o levou para morar com ela. Francis cresceu cercado por traumas e preconceitos devido a sua aparência. Ainda criança começa a apresentar um doente desejo sexual e assassino (pra vocês terem ideia, ele estupra uma galinha). Extremamente sozinho, sua avó ao mesmo tempo em que em foi a única pessoa que já o amou, também foi a responsável por boa parte de seus traumas.
Até que aos 40 anos, Francis encontrou um motivo para libertar todos os desejos reprimidos durante a vida. Ao conhecer a pintura de Blake, o Grande Dragão Vermelho, Dolarhyde se reconhece na pintura e em toda a mitologia que há por trás dela. Viaja para Hong Kong, faz a tatuagem, compra uma réplica da dentadura da avó e dá início a uma trilha pessoal para se tornar mais do que um discípulo. Ele quer se tornar o próprio Dragão. Para isso, ele acredita que os assassinatos são sacrifícios necessários para essa transformação.
Na série, tudo isso foi resumido nos 5 minutos iniciais. Teremos 5 episódios para entendermos todo o conflito que cerca o personagem, mas já deu para notar o quão perturbado o Dolarhyde é. É um personagem muito interessante e complexo e a abordagem que ele terá na série tende a ser bem mais dramática do que foi no filme. É com esse desafio que Will retoma seu trabalho no FBI. Pela primeira vez na série, Will interpretando seu próprio plot. Will Graham sendo Will Graham. Finalmente!
The great red dragon foi um episódio cheio de referências. Desde os diálogos até mesmo a detalhes como a maneira como Will se comporta com seus colegas de trabalho (sempre de olhos baixos, olhando para o chão). Tudo, tudo está descrito no livro! São estes detalhes que, para mim, fazem toda a diferença. Todo esse cuidado na preparação do episódio, poxa! Tenho certeza que a experiência com o Dragão Vermelho será inesquecível!
Curiosidades:
- A fotografia da avó do Dolarhyde aparece rapidamente quando ele está olhando seu caderno de recortes.
- Não pense que Will perguntou pelo cachorro apenas porque gosta de animais. Os animais de estimação das vítimas serão dicas na solução dos assassinatos.
- Jimmy Price, um dos assistentes do Jack, finalmente subiu de cargo. No livro, ele é um renomado perito que foi convidado especialmente para ajudar nos assassinatos do Dragão. Até então na série, o coitado era um zé ninguém, mas para esse plot trataram de dar um up que faltava em sua carreira.