Title: [REVIEW] BETTER CALL SAUL - S01E05: ALPINE SHEPHERD BOY E S01E06: FIVE-O
Author: Bernardo Seben
Rating 5 of 5
Des:
Em apenas dois episódios, Better Call Saul oscilou e foi do inferno ao céu. Tá ok, soou um pouco exagerado, mas acho que vocês entender...
Em apenas dois episódios, Better Call Saul oscilou e foi do inferno ao céu. Tá ok, soou um pouco exagerado, mas acho que vocês entenderam o que quis dizer. O quinto e o sexto episódio foram, respectivamente, o pior e o melhor momento de toda a série.
EPISÓDIO CINCO - Alpine Shepherd Boy:
Neste episódio a qualidade da série não sofreu alterações muito grandes, tanto que o estilo narrativo segue na mesma lógica dos demais episódios da série. Mas os próprios eventos do episódio em si fizeram deste episódio, o menos interessante da série até então.
Foi até ousado por parte do roteirista Bradley Paul ter centrado boa parte dos eventos da trama no personagem Chuck. Até então sabíamos pouco sobre o irmão de Jimmy McGill. E justamente por todo esse tempo gasto em cima deste personagem em específico, o episódio ficou abaixo dos demais. Não que tenha sido ruim, mas a história do personagem com sua "alergia ao eletro magnetismo" foi anti-clímax, ainda mais se compararmos com a trama dos demais personagens da série. Eu diria que o que faltou mesmo para o episódio foi história, visto que estavam dando um "trato" em um personagem secundário e até então superficial, e guardando o próximo grande momento para o episódio seguinte
As cenas do Jimmy/Saul no episódio, entretanto, foram pra lá de engraçadas. É incrível o que a falta de noção pode fazer com as pessoas. No caso daquele fazendeiro, o problema era "falta de nação". Já no caso do cara que inventou a privada que fala é falta de noção pura. O que deixa as duas situações mais cômicas, é o fato de que coisas parecidas acontecem na vida real. E o desespero do Jimmy em conseguir um cliente também piorou a situação. Quando ele finalmente parecia que ia se dar bem, graças a sua grande armação do outdoor, eis que surgem mais obstáculos, e ainda mais constrangedores.
Em suma, foi um bom episódio, porém mais desinteressante que seus antecessores (e que seu sucessor).
EPISÓDIO SEIS - Five-O:
Antes de tudo, preciso confessar uma coisa: toda vez que leio "Five-O" é impossível não me lembrar da série The Wire, clássico sensacional da HBO. É um pouco difícil de assisti-la no início, mas com o tempo se torna uma experiência inesquecível. Fica a dica para quem estiver a procura de uma nova série para fazer maratona.
E é aqui que Better Call Saul chegou ao seu auge - nada 100% definitivo, porque há grandes chances de termos episódios ainda melhores até o final da temporada.
Diferente do anterior que focou deu foco e desenvolveu o Chuck, personagem de suporte não tão interessante, este aqui focou em um rosto conhecido, interessantíssimo, e sempre digno de momentos brilhantes: Mike Ehrmantraut. E sim, eu acertei o sobrenome dele de primeira. Já o escrevi várias vezes, principalmente na época em que eu era um fanático-radical-fundamentalista de Breaking Bad. Mas como hoje sou apenas radical-fundamentalista, vou elogiar o personagem e seu ator um pouco menos. Mentira, isso não é possível, desculpem-me, o episódio não colaborou.
Este episódio apresentou 45 minutos de entretenimento top! A minha única ressalva é a cronologia, que ficou bagunçada no episódio. De certo ponto-de-vista, é um ponto negativo, visto que muitos telespectadores acabam ficando confusos com isso. Tirando isso, não poupo elogios ao resto do episódio.
Conhecemos agora muito mais do passado do Mike, que desde a época de Breaking Bad parecia afetá-lo bastante. E é notável como o roteiro deu conta de um desenvolvimento profundo e impecável ao personagem durante todos os 45 minutos de episódio. Por trás daquele Mike caladão, frio, calculista e que confia apenas em suas habilidades, existe um ex-policial corrupto, quebrado por dentro, abalado pelo assassinato de seu filho e pelo rumo que sua vida tomou. Nem matando a sangue frio os assassinos de seu filho ele conseguiu sentir um pouco de paz interna. Pelo contrário, só piorou a situação, o colocando como candidato a passar uma temporada na cadeia - felizmente ele possui um advogado esperto que pode o livrar dessa. E que bom darem esse destaque - merecido - ao personagem. Desde o piloto, as participações dele se limitavam à sua obsessão por adesivos.
É, Better Call Saul segue em evolução constante, ainda alternando entre seus bons e maus momentos, mas com uma execução impecável (se algum episódio dessa série não for nomeado a algum prêmio de direção...). Já é uma das melhores séries novas de 2015, e minha favorita até agora, ao lado de Bosch.