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Andressa Piccinini Andressa Piccinini Author
Title: [C.NERD] RESENHA - O BICHO DA SEDA
Author: Andressa Piccinini
Rating 5 of 5 Des:
Quando o romancista Owen Quine desaparece, sua esposa apela ao detetive particular Cormoran Strike. No inicio, ela pensa apenas que ...


Quando o romancista Owen Quine desaparece, sua esposa apela ao detetive particular Cormoran Strike. No inicio, ela pensa apenas que o marido se afastou por alguns dias - porque ele já fez isso antes - e quer que Strike o encontre e o traga para casa. 

Mas, à medida que Strike investiga, fica claro que há mais no desaparecimento de Quine do que percebe a mulher. O romancista acabara de concluir um manuscrito retratando de forma venenosa quase todos que conhece. Se o romance for publicado, destruirá a vida de muitos. Muita gente portanto, pode querer silenciá-lo. 

Quando Quine é encontrado brutalmente assassinado em circunstâncias bizarras, começa uma corrida contra o tempo para entender a motivação de um assassino impiedoso, um assassino diferente de qualquer outro que Strike já viu. 

Romance policial que se lê compulsivamente, com guinadas a cada virada de página, O bicho da seda é o segundo de Robert Galbraith numa série muito aclamada apresentando Cormoran Strike e sua decidida jovem assistente Robin Ellacott.



O bicho de seda tem um enredo mais frenético e envolvente que seu predecessor (O chamado do cuco), deixando o leitor mais e mais envolvido em uma rede de intrigas e mistérios de enlouquecer qualquer fã de um bom policial. 

Quine é o legítimo escritor "diva", que acha que cada livro que escreve é o melhor livro do mundo e, com toda a certeza, tem ataques de estrelato, sumindo e reaparecendo, tentando chamar atenção para si e para os livros perturbados de sua autoria - ou como são pintados por Strike para nós, os leitores - .

É na busca por Quine que começa nossa história e, como sempre, as vítimas de Galbraith são tão presentes em seus livros que podemos chama-los de personagens principais. Quine parecia ser um personagem que nos divertiríamos muito em ler Strike interrogando. Uma pena que ele foi assassinado, claro.  

Cormoran Strike continua quase o mesmo. Mais famoso e menos quebrado, divide seu tempo entre seguir amantes e munir mulheres traídas para seus divórcios e, quando conhece Leonora Quine, é tomado por um sentimento de pena pela futura viúva e aceita trabalhar no caso, mesmo com a perspectiva de nunca ver o pagamento em mãos.

Diferente do caso de Lula Landry, resolvido por Strike no primeiro livro, o de Quine parece bem simples: encontrar um escritor decadente em um hotel com alguma aluna ou em algum bar, bêbado. O que parecia uma tarefa até simples e que não tomaria muito do seu tempo começa a se tornar mais complicada quando Strike começa a conhecer Quine cada vez mais. E também quando ele descobre sobre o fatídico e repudiante Bombyx Mori (nome científico para um tipo de bicho da seda), último livro de Quine, rejeitado por sua agente e que, segundo boatos, causou sua ultima fuga. 

Finalmente Strike localiza Quine, porém, é tarde de mais e então o enredo escala para a corrida contra o tempo em encontrar o verdadeiro assassino, e inocentar a pobre Leonora Quine, mulher do falecido autor, uma mulher que importa-se apenas com a filha Orlando, uma garota com deficiência e que parece fria sobre a morte do marido traidor. 

Somos apresentados a diversos personagens que, por falta de palavra melhor, são quase caricatos de esteriótipos do mundo editorial. Escritores cheios de ego são apenas o começo e, enquanto, munido de Bombyx Mori Strike e Robin desenterram a sujeira do circulo de amigos de Quine, uma conspiração surge e um assassino muito ardiloso e paciente espreita, certo que nunca será pego. 


JK* você realmente escreveu isso? Foi tão sangrento, nojento, violento que foi uma deliciosa surpresa saber que veio de uma das minhas escritoras prediletas. O bicho da seda é um clássico livro policial, com sua caça de pistas, investigação, entrevistas de suspeitos e tudo que tem direito. Mas diferente de um livro policial comum, também possui uma trama pessoal de seus personagens muito bem desenvolvida. Strike e Robin possuem sim seus problemas pessoais e eles são bem mostrados e explorados no livro.   

É difícil escolher algo que mais me atraiu durante a leitura - frenética e quase direta - de O bicho da seda. Como da última vez que li Robert Galbraith, eu sentia falta de um livro que me puxasse e me prendesse em uma teia de letras e mistério até o final, e, nesse calor infernal de verão, foi com O bicho da seda que consegui finalmente entrar de cabeça mais uma vez em um livro. 

Pois bem, é necessário que eu cite aqui meu total amor por Robin, a assistente e parceira de Strike, principalmente nesse livro. Robin já havia atraído meu olhar no livro anterior, mas teve um papel de destaque, até sendo fundamental para a captura do assassino em O bicho da seda. Ela se mostrou pronta para aprender e disposta a sacrifícios em nome da profissão que, secretamente, sempre admirou. Mesmo que isso a coloque contra Matt, seu noivo, em um dos grandes plots do livro. Matt parece um clássico machista que prefere ter a vida interessante do casal e não consegue aceitar que Robin coloque a vida em risco para solucionar assassinatos. Não preciso dizer o quanto eu acho Matt um pé no saco e espero que Robin de um pé na bunda do noivo. E, perto do fim, temos um reviravolta que começa a mostrar que Robin não está aí para ser interesse amoroso de ninguém e muito menos um rostinho bonito. Espero grandes coisas dessa garota. 

Em balanceamento de Robin, Strike, que não havia me encantado tanto assim, até pelo motivo de deixar o enredo do livro anterior muito confuso, se mostrou um personagem muito mais carismático e provou que Galbraith tem um excelente jogo preparado para o crescimento de seus personagens principais. Strike sempre tem um amigo no lugar certo, um truque na manga ou apenas boa sorte para completar o desafio de solucionar o assassinato de Quine. E, como ele mesmo diz sobre si no livro, ele consegue pensar fora da caixa, tem tendência para o estranho e isso apenas me fez amá-lo mais. 

Quase como uma laranja no bolo, o mundo e as circunstancias estranhas no assassinado de Quine são incrivelmente brutais e deliciosas. Não querendo dar spoiler algum aqui, mas que maneira para assassinar alguém mais terrivelmente violenta. E deliciosamente sombria. Eu gosto de um bom assassinato, dá uma perspectiva divertida ao livro e esse não ficou para trás. Você sentia a sombra pairando no ar, a brutalidade, o ódio. E, no topo de tudo isso, temos Bombyx Mori. 

Ah Bombyx Mori,  um livro que de tando ouvir falar eu quase tive vontade de ler - se não fosse as referências nojentas e o peso sexual exagerado que parecia a marca registrada de Quine. - Como Lula Landry, Bombyx Mori paira sob todos os personagens, a espreita, pronto para revelar todos os segredos sujos daquele grupo de pessoas. Quine não pesou a mão na hora de retratar todas as suas desavenças, de sua mulher à sua amante, ninguém teve sossego e quanto mais se proibia o Bombyx Mori, mais eu queria que Galbraith nos contasse mais. 

Ao todo, eu soube quem era o assassino porque li, sem querer, uma frase na última página, quando estava fechando o livro no ônibus. Mas o como e o porque foram o suficiente para me surpreender e arrisco dizer que o quem, caso você não se dê um spoiler, também é surpreendente. Um excelente romance policial que eu, diferente da última vez, não consegui colocar defeito. Eu espero ansiosamente para o próximo livro do detetive Comoram Strike e aplaudo Robert Galbraith por sua genialidade em O bicho da seda. 

* A não ser que você tenha vivido em uma caverna no ano de 2013, sabe que JK Rowling, autora de Harry Potter, escreveu, sob o pseudônimo de Robert Galbraith, O Chamado do cuco.




AUTOR: Robert Galbraith
NÚMERO DE PÁGINAS: 461
EDITORA: Rocco
LANÇAMENTO: 2014
ONDE COMPRAR: Clique aqui.
02 Fev 2015

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