Terror é um gênero complicado, pois somente uma parcela bem pequena dos filmes do gênero são bons e assustadores de fato. A maioria são filmes lançados para adolescentes que se impressionam fácil, deixando de lado uma história boa para focar na parte dos sustos e efeitos. Os filmes acabam fracos, com um buraco enorme onde deveria ter um roteiro, e claro, com aquelas atuações ótimas, que só um filme de terror consegue trazer. Você pode até estar pensando agora que talvez essa fosse à intenção do roteirista, mas a moda de filmes trash ficou nos anos 80, e mesmo eles são melhores que os que são lançados agora. O gênero realmente está morrendo.
Semana passada estreou A Face do Mal, a grande estreia de terror do mês, o filme parecia ser interessante pelo trailer, mas só parecia. O filme não consegue se livrar dos clichês do gênero, cai em uma história óbvia e sem graça e parece que se arrasta por horas.
A história é sobre uma família que se muda para uma casa onde anteriormente uma pediatra perdeu toda a família. Detalhe que a família morta se parece bastante com a que se mudou, até a idade dos filhos. O adolescente Evan, durante uma caminhada, conhece sua vizinha Sam, e durante o romance que surge entre eles, tentam conversar com os fantasmas da casa.
O filme é narrado, desnecessariamente, pela dra. Morello, a que perde toda a família para a casa. As cenas iniciais que contam a historia das mortes, e deveriam nos deixar com medo da casa, são desperdiçadas com efeitos sonoros forçados e que não assustam. Já é óbvio o envolvimento da doutora em algo e nem isso tentaram disfarçar.
Mas o pior do filme são as situações absurdas que eles tentam nos mostrar como naturais. O garoto encontrar no meio do mato uma garota chorando e ir lá todo bonitinho perguntar se ela esta bem. Quem faz isso? Ou a garota invadir a casa vizinha e ir dormir na mesma cama que o cara que ela falou uma vez. Oi? Sou vadia? Ou a garota ir tomar banho e lavar os cabelos na casa dos outros. Bitch, please, mulher para lavar o cabelo só em casa e ainda demoram horas. E isso é só poucas coisas, tem bem mais durante o filme. Roteiro realmente não foi escrito para fazer sentido.
Sam falou com o garoto uma vez e praticamente mudou para a casa dele, pois ela só saiu da casa quando as coisas ficaram “sérias”. Os pais de Evan vão passar a noite em outra cidade porque as estradas acabam fechadas por causa da nevasca, pessoas normais pensariam em sexo, mas adolescentes de filmes de terror tem coisas mais legais para fazer, invocar os fantasmas. Quem nunca? Claro que sai de controle, mas não foi assustador, na verdade foi mais decepcionante.
O diretor não conseguiu encaixar um susto, e olha que as tentativas foram muitas. Ele coloca fantasmas em lugares e hora errados, efeitos sonoros demais e a tensão psicológica é coisa que nem tentaram inserir. O recurso de flashback é usado demais, e deixa ainda mais desinteressante o desenrolar da história, e o romance/rolo/amizade que está rolando entre Sam e Evan é tão forçado que dói. Vou nem comentar das atuações porque, bem, ninguém foi bem no papel.
Duas horas depois, brincadeira o filme não dura tanto, mas a sensação é que passa uma eternidade, o clímax do filme se aproxima e mesmo já sabendo a maioria do que iria acontecer o filme nos surpreende, e o final é pior do que imaginamos. Eu não assisti a esse filme no cinema, e realmente tenho dó de quem pagou para vê-lo.
P.S. Se alguém ai descobrir porque o filme se chama A FACE DO MAL me explique, pois não fez sentido algum para mim. Adoro essas traduções de nomes, cada vez mais coerentes.