Quando todas as máscaras caem e as intenções se revelam, abrem-se as cortinas do palco onde será travado o confronto final. Sem mais metáforas, sem mais polimento nos desejos, nas expectativas, nem nos sentimentos. Tudo cru. Tudo exposto. A verdade tão desejada bem ali diante dos seus olhos e, com ela, suas consequências.
Não coincidentemente, Mizumono é o nome de uma sobremesa, que pode ser sorvete, bolo ou fruta. Assim como a sobremesa encerra a refeição, o nome faz referência ao encerramento da temporada. Depois dessa temporada, a série muda totalmente de rumo. Um recomeço nos aguarda.
Desde o episódio passado, foi repetido diversas vezes que Jack Crawford queria a verdade, queria ver o Chesapeake Ripper. Hannibal deu exatamente o que ele queria. Desejos podem ser perigosos. O decorrer do episódio foi acompanhado por um irritante som de tic-tac como se estivesse sendo contados os minutos para o confronto entre Crawford e Lecter. Na mesma proporção que os minutos se passavam, a tensão e angústia aumentavam.
Hannibal e Will chegaram até o último episódio com planos que foram se formando ao longo da temporada. Planos estes que, até certo ponto, convergiam em um só. Quando não encontraram mais objetivos em comum, cada um por si e Deus por todos definiu bem.
Eu vi claramente um desejo da parte do Hannibal em evitar a carnificina do confronto. Eu vi Hannibal propor ao Will a possibilidade de fugir e afastar o que estava por vir. Claro que ele sabia bem o que iria fazer. Essa proposta veio como uma última tentativa de impedir que Will seguisse com o plano de capturá-lo, esquecendo as mentiras da “transformação” do seu amado paciente. Will, por sua vez, também tentou evitar o que estava para acontecer, propondo ao Hannibal fugir antes que Jack fosse confrontá-lo. A ligação, que tanto lembrou a vez que Hannibal avisa Garrett Hobbs sobre a chegada do FBI na primeira temporada, foi uma tentativa desesperada de impedir o que ambos sabiam que aconteceria.
De interpretações a diálogos maravilhosos, tudo excedeu a perfeição. O diálogo final entre Alana e Hannibal foi também algo maravilhoso de assistir. Depois de tantas mentiras, ouvir Hannibal falar a verdade a sua antiga amante soou até como sarcasmo. A cena da queda, meu Deus a cena da queda! Eu, que era das que estavam na torcida para que ela morresse, confesso que aquela cena me comoveu (mesmo provando sua incompetência até o último minuto, não verificando se a arma tinha balas).
A todo o momento, eu aguardei desesperada o instante em que a polícia chegaria e acabaria com todo aquele sofrimento, mas como na vida real, ela não veio. Mesmo sendo chamada DUAS vezes!!!
A cena do esfaqueamento do Will ficou bem fiel ao filme “Dragão Vermelho” (imagem abaixo), só que com uma dose bem maior de comoção. Dos quatro que ficaram para morrer, o único que eu tenho certeza que vive é o Will e talvez, o Jack. Terminou o episódio e eu estava como eles: no chão.
Mais no chão eu fiquei ao ver Bedelia no avião ao lado de seu paciente. Esse cliffhanger veio como um golpe final nos seriadores que já estavam quase morrendo com o que viram. A presença da Bedelia levanta inúmeras possibilidades: ela estava por trás de tudo o tempo todo? Onde ela estava no período em que esteve sumida?
A verdade é que algo aconteceu entre o espaço de tempo em que ela depôs para o FBI e apareceu no avião ao lado do Hannibal. Provavelmente os dois fugiram para Florença, local para onde o psiquiatra fugiu quando escapou do Baltimore State no filme Hannibal. Inclusive, a cena do avião pareceu muito com uma deste filme também.
Segundo uma entrevista do Bryan que li há pouco, Bedelia terá um papel importante nesse plot da fuga. O que está por vir, eu confesso: não tenho a menor ideia! Todas as minhas expectativas foram quebradas e essa série é completamente inédita para mim. Em 2015, a gente descobre.
À todos os que me acompanharam ao longo dessas 13 semanas, meu sincero agradecimento. Costumo dizer que melhor do que ver Hannibal, é escrever sobre. E encontrar pessoas que gostam do que eu escrevo é unir o útil ao agradável.