Eu estou aqui, soluçando, enquanto olho para a tela em branco pensando em como começar essa review. Eu não quero esperar para escrevê-la porque eu quero que vocês leiam o que eu estou sentindo e não o resultado de uma cabeça fria de quem esperou o aperto no peito passar para raciocinar e escreveu depois. Eu senti. E eu quero vocês o façam também.
Na mitologia romana, Veritas era a deusa da verdade, filha de Saturno e mãe da virtude. Achava-se que se ocultava no fundo de um poço sagrado porque era muito elusiva. Sua imagem é muitas vezes representada como uma jovem virgem vestida de branco. É, também, o nome que recebe a virtude romana da veracidade, que era considerada uma das principais virtudes que um bom romano devia possuir. Na mitologia grega, Veritas era conhecida como Aletheia, que designava a verdade e realidade, simultaneamente.
Vincit Omnia Veritas. True Conquers All. A verdade vence todas as coisas.
Há seis temporadas nos deparamos com uma detetive focada, determinada e com um único objetivo: encontrar o assassino de sua mãe. Nós fomos acompanhando como o caso em torno da morte misteriosa e sem solução, ia tomando caminhos tortuosos e perigosos e como estes casos afetavam a pequena Kate. Vimos essa detetive arriscar a vida, ano após ano, em nome de justiça. E estamos aqui, agora, vendo que ela finalmente conseguiu. Estamos aqui vendo hoje, que a verdade vence todas as coisas.
Eu não sei bem o que escrever. Porque esse é um ciclo da série que se fecha. É o desfecho do melhor e principal arco da série. Os casos envolvendo Johanna Beckett sempre foram os meus favoritos, nunca escondi isso de ninguém, e escrever sobre o fim dele me enche de alegria, ao mesmo tempo em que me dá uma sensação estranha no peito. Eu sei que Johanna ainda estará presente na série. Onde houver Beckett, haverá Johanna. E haverá sentimento, porém agora, com uma alma acalentada por um peso que foi carregado nos ombros ao longo de tantos anos, ser finalmente descarregado. Sem mais Bracken, sem mais Simmons, a alma de sua mãe pode repousar agora.
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“Get a girl’s hair wet and they never let it go.” |
Pela promo e pelos spoilers, já era possível imaginar que esse episódio seria um marco na série. Ele seria uma resposta para todas as perguntas, ele seria a resolução do plot mais doloroso de todos. E o episódio foi elétrico do inicio ao fim. Vimos uma Beckett extremamente determinada, badass, focada e assustada também. Vimos que as investigações pararam na série, mas Beckett não parou um minuto. Investigando Simmons por seis semanas, seguindo pistas, com Castle sempre ao seu lado. Quando ela vê Jason Marks, que ela havia seguido na madrugada do mesmo dia, morto... muitas coisas devem ter passado pela cabeça dela. Mas com certeza ela estava no caminho certo. E então Vulcan Simmons dá as caras. Quando Gates a afasta do caso, com toda a razão, Beckett não para. Ela nunca parou e não pararia agora que estava tão perto. Não. Isso tinha de terminar.
Ir atrás de Vulcan foi uma atitude de desespero. Mais do que buscar um carro, ela buscava respostas. Respostas para as perguntas que a guiaram até então. Respostas que a mãe dela merecia. Então, quando ele é encontrado morto, com tiros disparados pela arma da Beckett, ela vira a principal suspeita. Eu já disse e repito, Vulcan sempre foi o que eu mais odiei (mudo de concepção do fim do episódio, por causa de alguém chamado Bracken), ele mexe com ela, com os sentimentos. Ele mais do que ser relacionado com Bracken, brinca com Johanna, tortura Beckett e joga isso na cara dela depois. Ela teria todos os motivos do mundo para matá-lo. Mas ela é Beckett, e todos sabem que ela não faria isso. Justiça não vem com um banho de sangue, e ela sabe disso melhor que ninguém. Justiça seria vê-los sendo punidos, e não mortos.
Procurada pela policia, sendo acusada de um crime, agindo como fugitiva essa é a Beckett nesse episódio. Episódio onde Castle não a largou, não a abandonou. Para ser honesta, ele a deixa sozinha apenas uma vez, e essa vez foi o suficiente para os problemas acontecerem. Os balanços que já foram lugar para tantas alegrias e corações abertos hoje se tornam o lugar, também, de fuga. Não uma fuga solitária em meio a chuva e as lágrimas. Uma fuga a dois, oficializando aquele lugar como deles, para qualquer situação. Mr. Smith volta do mundo dos mortos (que sempre foi a aposta do fandom), para dizer apenas uma coisa importante. Mais do que importante, vital para toda a resolução do caso. Havia uma fita onde Bracken assumia o assassinato de Johanna. O problema é que essa fita era também, procurada por ele, por anos a fio e ninguém conseguiu encontra-la. Bracken agora sabia que Beckett não tinha o arquivo, ou seja, realmente quando eles se encontrassem seria a última vez.
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“Run. Disappear. Because if you don’t, he will kill you.” |
É impossível não fazer uma retrospectiva e relembrar cada caso que passamos para chegar onde estamos. Desde a “A Chill Goes Through her Veins” até Veritas, muitas águas rolaram, muita gente morreu e Becks, ficou no quase por muito pouco. E isso volta se repetir. Quando Bracken a encontra eu senti nojo dele. Nojo extremo e então, eu consegui odiar mais alguém nessa série do que Vulcan Simmons. Jogar na cara da Beckett tudo que ele deu a ela?! O que ele deu a ela? Dor. O fato de viver sem a pessoa que você mais amava ao seu lado. Ele deu a ela a dor carregada no coração e na alma, no mais profundo e intimo de Beckett. Ele deu a ela, o lado negro e o lado de quem viu alguém inocente ser morta de forma brutal. Como não lembrar de After the Storm e toda a dor da Beckett “Who do you think you’re talking to? How can you justify yourself to me? My mother was stabbed to death in an alley because of you. She bled to death alone in a pile of garbage, so save me your campaign speeches about the great things”. E ele queria que ela fosse grata?! Isso foi, de longe, a fala que mais abominei ao longo da série. Ver Beckett cercada, desarmada, obrigada a ouvir todas essas barbaridades, foi algo que me doeu demais. Foi cruel, foi baixo, foi Bracken. Foi reascender todas as chamas da dor e da falta. Mas foi, também, o impulso que ela precisava.
Eu cheguei a pensar que ela fosse desabar. Que ela fosse cair. Que ela fosse apanhar mais. Mas a forma como ela se reergueu, como ela matou sem dó alguma os homens que estavam lá para matá-la, mostraram que ela sempre fazia o necessário para sobreviver e para fazer justiça a sua mãe. Ela é Katherine Houghton Beckett e chegou longe demais para alguém, agora, matá-la e tirar dela tudo aquilo que ela estava tão perto de conseguir. Mas quando ela é atacada e a cabeça dela sangra, meu coração parou. E, precisarei comentar. Que atuação brilhante da Stana. Que atuação foi essa?! Esse golpe na cabeça foi bom para uma coisa: Bem vindo de volta por poucos minutos, Roy. Eu sinto sua falta. Beckett se lembra de cada detalhe sobre a morte de sua mãe. E eu me lembrei de tudo. Eu me lembrei dela se abrindo para o Castle lá em “A Chill Goes Throught Her Veins”. Eu me lembrei dela matando Coonan em “Sucker Punch”, do Simmons dando as caras em “Knockdown”, do tiro nela e da morte do Roy em “Knockout”, dela se reerguendo em “Rise”, de “Always”, de “After The Storm”, de “Recoil”, de "In The Belly Of The Beast". Eu me lembrei dos casos e da dor que eles causavam na Becks. E é impossível não me emocionar ao ver isso tomar uma resolução, sabe?!
Quando ela se lembra de Roy, ela entende que sua mãe sempre soube o que iria acontecer. Não se mexe com o fogo e se sai ileso, e Johanna sabia disso. Por isso Montgomery falou tanto para Beckett olhar nas coisas de Johanna, procurar mais. Mas fica difícil você achar algo que nem ao menos sabe o que está procurando. E Castle consegue decifrar algumas coisas das anotações de Johanna (acho que eles se dariam bem), quando a NYPD invade a casa e leva todos para a delegacia.

Mas antes de falar da principal e mais emocionante parte do episódio, me permitam falar de detalhes que são essências e lindos de serem trabalhados. Os meninos da NYPD em momento algum abandonam Beckett. Eles sempre serão seu backup e sempre estarão com ela. Nem que sejam presos por isso. Por ela, eles farão. Lanie apareceu pouco, porém, basta ver como ela tremia na cena em que ela fala com Beckett para saber que ela estava abalada. Aliás, vejam a Lanie nessa cena e vejam, automaticamente a mim, vendo o episódio. E estava mais do que na hora de Gates saber tudo sobre a história da Beckett. Eu já disse uma vez que Gates a adotou e eu vejo isso de novo. Ela queria ajudar e não podia, não sabia como, estava angustiada. Ela é parte da família e queria proteger Beckett, mas estando as cegas... isso fica complicado. Dava pra ver no rosto dela que ela queria ajudar, mas estava de mãos atadas. Ela queria fazer algo e não podia, assim, como eu. Eu queria fazer algo e não podia
E eu meu grito foi descomunal com a seqüência de eventos. Porque eu não acreditava no que meus olhos viam. Eu não acreditava que esse tempo todo, tudo esteve ao lado de Beckett. Os elefantes que eu tanto amo da mesa dela. Os elefantes que sempre estiveram lá, silenciosos. Eles nunca esquecem. E eles guardavam aquilo que a Beckett procurou a vida toda. Algumas pessoas estão com a gente mesmo das maneiras mais escondidas. E Johanna ajudou a filha a solucionar o próprio assassinato. Mãe e filha, indiretamente, resolveram juntas o caso mais importante da vida delas. A prova de quem era o assassino da sua mãe, estava lá. Quando tudo parecia impossível, Castle vem e nos lembra de que às vezes procuramos longe, respostas que estão perto. Tão perto que nem imaginamos. Johanna deixou para a filha, ao alcance das suas mãos a prova de seu assassinato e, então, a verdade vem à tona. Estava acabado e Bracken seria punido.
E então, vemos aquilo que queríamos ver a tanto tempo. Bracken, dando sua entrevista para a presidência dos USA e Beckett entra. “Você não deveria estar aqui”. Errado, Senador. Era exatamente aqui que ela deveria estar. Era exatamente aqui, depois de tantos anos, que ela deveria estar para olhar na cara dele e dizer “Eu achei a fita”. E ver a cara dele ir ao chão. Ela deveria estar ali para algemá-lo pessoalmente. Com lágrimas nos olhos, com dor no coração, com a alma acalentada e o sentimento de que as coisas estão tomando o rumo que deveriam. A justiça estava sendo feita, e Bracken estava sendo preso.

Quantas vezes Beckett sonhou com esse momento? Quantas vezes ela se imaginou dizendo isso ao culpado pela morte da sua mãe? Quantas vezes os pesadelos a assolaram e ela ficou sem esperança, achando que nunca conseguiria? São tantas as possibilidades de como esse momento poderia acontecer e, no entanto, não poderia ter sido mais perfeito. Diante do país, de todas as câmeras, o assassino de Johanna Beckett, a mãe de Katherine Beckett e não a advogada vadia, estava sendo preso. A justiça estava sendo feita, ao menos dessa vez. As lágrimas que hoje estavam nos seus olhos, são as lágrimas somadas ao longo dos anos, lágrimas que hoje podem escorrer e levar junto toda a dor que ela já sentiu. Chora, baby. Hoje, você merece mais do que qualquer coisa chorar por tudo que conseguiu.
A cara da Beckett nos mostra o conforto que a justiça em nome da mãe dela traz. Após anos, ela pode finalmente parar e, quem sabe até, se sentir segura. Nos braços daquele que a ajudou a chegar até ali. Castle pode ter entrado na vida dela da forma mais casual possível, mas não foi a toa que ele permaneceu. Ele foi essencial nessa conquista, sim. Por isso ela o abraça. Porque a paz que ela encontrou agora fica completa. A conquista não foi sozinha, ela sabe disso e ela valoriza isso. E quando se tem alguém que luta a luta mais difícil de todas ao seu lado, você valoriza e ama.
Foi importante fechar o caso antes do casamento. Beckett agora poderá se permitir ser feliz sem qualquer restrição ou medo. Ela finalmente fechou o caso que a limitava, que a dominava. E na próxima semana veremos uma Beckett mais leve e, tenho certeza, que ela irá sorrir de alegria, e provavelmente chorar, ao lembrar da mãe. Mas com alegria e não mais de tristeza. O beijo na delegacia, novamente, é a lembrança do fato de que não importa o que aconteça ele estará com ela, são coisas pequenas que me fazem lembrar do porque eu amo tanto esses dois e do porque eles se amam. Sem Castle ela não teria chegado até ali, e todos sabemos disso. Ele abriu feridas lá no começo da série para ver, agora, elas sendo curadas com justiça e não serem amenizadas pelo tempo.

Se vocês são do tipo que acreditam que aqueles que nos deixam ainda olham por nós, eu peço que vocês imaginem Johanna sorrindo, o mais profundo sorriso que uma mãe pode dar a uma filha. Eu peço que vocês a imaginem sorrindo de orgulho, por tudo que a filha fez e se tornou. Por nunca ter desistido dela, mesmo quando todos fizeram isso. Porque eu sei que em algum lugar, ela está sorrindo. E esse sorriso faz parte dessa paz que invade o coração da detetive que foi escura por anos. Esse sorriso é o novo guia da Beckett nas lutas que virão. A vida é feita de várias delas, o tempo todo. Porém agora, Beckett poderá seguir com a certeza de que a paz é sua amiga e que sua mãe estará com ela. Always.
Ela está orgulhosa, Kate. De tudo. Você lutou com unhas e dentes e fez com que a verdade vencesse todas as coisas. Não existem palavras que possam expressar tudo que eu senti. Não existem palavras que possam descrever pelo episódio que se tornou meu favorito na série (desculpe Knockdown). Não há palavras que possam explicar o meu amor por essa série.
Descanse em paz, Johanna.
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“It’s over. Senator Bracken you are under arrest for conspiracy, fraud. And the murder of my mother,
Johanna Beckett.”
PROMO DO PRÓXIMO EPISÓDIO:
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