Os dois últimos episódios de The Mindy Project saíram como episódios duplos e, uma vez que um não tem nenhuma ligação direta com o outro, realmente fico sem saber explicar a razão disso. Sendo assim, sinto-me à vontade para comentar os dois episódios separadamente, ainda que dentro de um mesmo post.
O primeiro deles, Be Cool, começa com um aspecto que eu, particularmente, acho interessantíssimo: a ideia do namoro secreto. Quem nunca se imaginou namorando alguém de seu convívio social sem que as pessoas em volta soubessem? É divertidíssimo! E essa ideia é bem explorada no episódio, com Mindy e Castellano criando pretextos engraçados e um tanto absurdos para darem uns amassos dentro da clínica.
Tudo vai indo muito bem, até a hora em que aqueles típicos mal-entendidos de seriado começam a tomar forma. Aliás, me digam, por que raios Danny Castellano não assume logo que está namorando com Mindy? Fica essa enrolação sem muito sentido... Tudo bem que Mindy não é, digamos, uma boa referência, mas, até aí, é claro que ele gosta dela, então, não vejo muito sentido em ficar escondendo o jogo. Enfim, as coisas vão tomando proporções épicas, até que chegamos na festa na casa da Mindy. E não bastasse todos acharem que é Peter quem a namora, ainda pinta na área um ex-caso de Castellano para apimentar ainda mais as coisas.
O que ocorre na festa cai um pouco dentro daquelas armações ilimitadas que me irritam bastante, repleta de exageros incabíveis em qualquer situação normal, mas traz também um movimento que eu venho gostando bastante: a aproximação entre Peter e Mindy como bons amigos. Gosto dessa camaradagem. E é ele quem vai tentar ajeitar as coisas entre o casal, criando uma quase hilária situação de ciúmes (ok, a queda da cadeira foi realmente hilária!) que, no fim, novamente pela maldita mania de Castellano não ser uma pessoa bem resolvida, vai acabar mal.

Não sei se fui inocente ao pensar que o relacionamento entre os dois iria durar bastante – ou se estou sendo inocente agora, ao julgar que realmente acabou –, mas o negócio é que sem motivos realmente fortes e contundentes, Castellano resolve encerrar por ali mesmo a lacônica relação entre os dois. Fica claro que ele não está absolutamente crente em estar fazendo o certo, é claro que ele ainda gosta muito dela e, mais claro ainda, que eles têm que ficar juntos, mas o fato é que sim, Mindy e Danny Castellano não namoram mais. Na realidade, isso mais me pareceu um plano meio manco dos roteiristas em alongar aquela situação que nos episódios anteriores se desenrolou muito facilmente. Ou seja, eles ainda terão que penar muito para ficarem juntos. Tá bem, vamos aguardar para ver como isso será explorado. Mas, tendo em vista o episódio seguinte, o desenrolar da coisa será bem arrastado.
Chegando no episódio seguinte, Girl Crush, o que mais espanta é ver quão bem está Mindy após esse término. Já assistimos outros finais de namoro dela e é sempre realmente muito traumático, no entanto, dessa vez ela parece segurar bem a barra e seguir adiante, o que é nada menos do que contraditório, uma vez que esse relacionamento teria de ser, ao menos em teoria, o mais importante de todos que ela já atravessou, mas ela parece não se dar conta disso. O que vemos um pouco aqui são aquelas típicas situações de pessoas que trabalham juntas e rompem um relacionamento amoroso, criando momentos de certo constrangimento como, por exemplo, evitando sentarem-se ao lado uma da outra durante uma reunião.
O ponto alto desse episódio é a participação de Anna Gunn, a Skyler de Breaking Bad, como uma poderosa médica de celebridades que fica sondando Mindy para ir trabalhar em sua clínica. É claro que seus olhos brilham ao imaginar-se atendendo todas aquelas popstars que ela tanto venera e, de brinde, ainda ficar longe de Danny Castellano, mas, na hora final, considerações sentimentalistas sobre seus pacientes sem dinheiro e a descoberta de que ali ela não passava de um objeto de afirmação racial fazem com que ela desista da empreitada. Ainda sobre Anna, vale ressaltar o quão interessante é vê-la em um papel diferente, fazendo um personagem completamente contrário àquela mulher castradora e desinteressante que era Skyler. Ela conseguiu até ficar mais bonita. Não muito, diga-se, mas bem mais do que estava em Breaking Bad.
Enquanto isso, fica pronta a unidade móvel da clinica e os médicos vão atender em uma comunidade carente. Daí pra frente, no entanto, a coisa desaba em um festival de bobagens. Nunca vi tamanha falta de habilidade em contornar situações que por si só já são surreais como a dessa turma. Para quem se lembra daquele episódio em que aparece um deputado negro e eles são acusados de racistas (sem jamais o sê-lo) por uma população raivosa, não preciso falar mais nada. É bem nesse estilo. Mais parecem Os Três Patetas tentando pregar um quadro na parede – o que costumava demorar o episódio inteiro – do que médicos de uma cidade grande.

No fim das contas, Mindy chega para salvar a situação – e não que ela tenha feito algo realmente grandioso. Não, ela apenas falou para uma horda enraivecida qualquer coisa minimamente sensata – e se entender com os colegas, que estavam de mal dela por ela estar trocando de clínica. Ou seja, um episódio que leva do nada ao lugar nenhum, sem nada de atraente, sem nada de muito engraçado. Bobagem e mais bobagem.
Por fim, sobre Danny e Mindy, resta esperar para ver como os roteiristas irão lidar com isso. Como que por cortesia, deram-nos um gostinho de algo que esperávamos há tempos, mas rapidamente nos privaram disso. Vamos aguardar para ver se eles farão bom uso dessa relação repleta de tensão sexual existente entre os dois ou se apenas nos enrolarão sem apresentar nada de muito construtivo.