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Title: CANTINHO NERD: Crítica #8 - Elysium
Author: Unknown
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Neill Blomkamp obviamente é um rapaz pessimista quanto ao mundo que vive e dessa vez ele nos presenteia com mais do que uma obra niilista...
Neill Blomkamp obviamente é um rapaz pessimista quanto ao mundo que vive e dessa vez ele nos presenteia com mais do que uma obra niilista cujo o tema central é a guerra de classes.

No ano de 2154, existem dois tipos de classe social: aquela formada por pessoas que vivem em uma estação espacial chamada Elysium; e o resto, que vive em uma superpopulada e arruinada Terra. A secretária Rhodes (Jodie Foster), uma oficial de um governo rigoroso, é a responsável por impedir que imigrantes entrem em Elysium - e fará de tudo para manter essas regras e preservar o nível de vida dos populares de lá.

Mesmo com rigorosa inspeção, não é possível impedir que algumas pessoas entrem em Elysium. Quando Max (Matt Damon), se vê obrigado, por questões de saúde, a tentar entrar, é “acolhido” por Spider (Wagner Moura) e aceita uma última missão para tentar salvar sua vida e ir à Elysium

A trama aparentemente simplória encontra um carisma e humanidade na interpretação de Matt Damon com seu Max capaz de nos deixar vidrado naquele personagem cheio de marcas e tatuagens.

Vivendo em um quarto minúsculo, em um mundo que mais se parece com uma enorme favela sem a menor pespectiva de melhora, este se mostra conformado com seu trabalho chegando ao ponto de dizer da forma mais humilde para seu interesse amoroso, frey (Alice Braga), “eu comecei na montagem” e quando o vemos trabalhando, notamos que ele não está muito melhor que isto.

Aliás, é sem dúvida esta é a única ponta solta da trama. Apesar de bem feita pela carismática Alice Braga, a personagem Frey nada mais é que isto mesmo, um interesse amoroso, já que sua história de vida nem sequer é contada, apenas sabemos que Max e Frey foram separados quando crianças e de repente esta aparece trabalhando em um hospital, com uma filha prestes a morrer.

Neill é eficaz ao mostrar com diversos elementos a distopia entre Elysium e a Terra, seja na atmosfera colorida que a sociedade “elysiana” tem ou as cores amareladas que apresenta a Terra. Quando estamos na Terra é quase impossível não se incomodar pela quantidade de ruído, enquanto Elysium há palmeiras onde canta o Sabiá (tá parei).

Mas talvez seu maior acerto seja no Design de Elysium em forma de estrela. Nada sútil, esta forma diz para os terráqueos o quanto esta realidade parece próxima, mas inalcançável. E isto fica claro quando vemos Max e Frey ainda crianças olhando esta estrela e desejando estar lá.

Ainda pode ser feita a relação com hoje quando vemos em Elysium os escolhidos desfrutando de suas riquezas que vão de uma casa luxuosa até uma máquina que pode curar qualquer doença, mas só é usada para fazer plásticas. Uma crítica clara as “estrelas”.

Também não é sutil a percepção do Diretor quanto à polícia e funcionários públicos. Locados na Terra para estabelecer a ordem/interesses dos Políticos, eles não pensam, agem conforme um manual pré-estabelecido em sua formação e são completamente avessos a qualquer conversa. Na mesma hora que olham para um cidadão, eles levam em consideração sua aparência e fixa criminal e não hesitam em aborda-lo, julga-lo e condena-lo da forma mais agressiva possível. Ah sim, nessa realidade eles são robôs, talvez a única diferença com hoje, mas divago.

A maior complicação para as pretensões de Max ir à Elysium é Kruger, vivido com extrema vivacidade por Sharlto Copley (Distrito 9), um espião/Mercenário também locado na Terra. 
Se em Distrito 9 Copley interpretava um personagem fraco aqui ele é totalmente o oposto, completamente asqueroso, seja na sua composição com um tom de voz agudo, calmo e altamente irônico, ele, inclusive, tem em seu rosto aparatos tecnológicos que se parecem com vermes ou sangue sugas. O que só aumenta a sensação de nojo por este personagem.

Diga-se de passagem, a luta entre ambos ao final do filme é uma obra de arte. Sem citar nada específico da trama para não dar Spoiler, os movimentos de câmeras, saltando de eixo, as flores de cerejeiras voando abundantemente pelo cenário, apesar de ser absurdo do ponto de vista lógico, afinal, eles estão em um subsolo sem jardim algum, funciona esteticamente e, por que não, como uma homenagem ao fato de Kruger usar armas ninjas.

Uma pena que o terceiro ato do longa se dedique tanto ao melodrama, ficando mais preocupados em nos fazer levar às lagrimas do que necessariamente mover a trama. Nada que estrague o filme.

Wagner Moura


Agora vamos abordar o que todos querem saber, afinal, como é a estreia em Hollywood da maior estrela cinematográfica brasileira da atualidade?

Bom, tanto a interpretação dele, quanto seu personagem são, com o perdão do palavrão, do ca%$#%!

Não sei se é possível separar por completo o orgulho patriótico do crítico, portanto é possível que eu tenha me deixado levar por esta sensação, mas acreditem quando digo que tentei ver da forma mais imparcial possível a atuação de Wagner Moura.

Dito isso...

É comum para nós que acompanhamos sua carreira falar que, por natureza, ele é um ser carismático, ótimo ator e tudo mais. Meu único receio era de que seu personagem fosse relegado a um sub-coadjuvante, já que, em nenhum trailer ele tinha muito destaque. O que, sem duvida nenhuma, seria um desperdício do seu potencial.

 Mas, para minha grata surpresa, seu personagem (Spider) tem papel fundamental para a trama, chegando a ser um quase “parceiro” de Max. Fico mais feliz ainda ao ver que Spider não só é um personagem com grande importância, mas um ser altamente complexo e interessante, seus atos, por mais nobres que possam parecer, são sempre com intenções egoísta.

Não chega a ser exagero dizer que a atuação do Wagner é essencial ao filme, já que, caso mal feito, seu personagem cairia facilmente para o caricato, prejudicando as intenções do Diretor, principalmente no ato final.

Seu carisma chega a um ponto em que torcemos para Spider, um terrorista, mercenário que faz alusão direta com os coiotes que atravessam imigrantes ilegais do México para os EUA. Em sua composição, Wagner usa um Inglês forçadamente carregado de sotaque brasileiro, o que fica claro, pois em um dado momento ele solta um palavrão em português.

Então, se este era um teste para ele em Hollywood, ele, assim como o filme, passaram e com muitos méritos.

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