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Verônica Martucci Verônica Martucci Author
Title: CANTINHO NERD: Crítica #3 - Blade Runner
Author: Verônica Martucci
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Não sei vocês, mas filmes com abordagens futuristas me fascinam. Diria que a montagem desse universo é o mais interessante a se analisar pa...
Não sei vocês, mas filmes com abordagens futuristas me fascinam. Diria que a montagem desse universo é o mais interessante a se analisar para mim, em como as pessoas imaginam que estaremos daqui uns anos, se nossos hábitos vão mudar, como vamos nos locomover,  e por aí vai. E, SÉRIO,  Blade Runner (1982) já me ganhou nesse quesito logo de cara.

O filme todo se passa em 2019 (pertinho, não?), num futuro onde os humanos criaram máquinas semelhantes a nós, chamados de “replicantes”, seres geneticamente alterados e que foram criados para serem usados como escravos fora da Terra, onde trabalhavam na exploração e na descoberta de outros planetas. No entanto, um grupo de replicantes da geração Nexus-6, androides extremamente parecidos com os humanos, caracterizados como ágeis e inteligentes, se rebelou em uma dessas colônias, o que lhes garantiu morte certa caso voltassem ao planeta Terra. E os responsáveis em achá-los e eliminá-los? Os “Blade Runners”.

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Esse grupo de replicantes consegue vir a Terra com a missão de encontrar seu criador, sanar suas dúvidas e, principalmente, conseguir prolongar suas vidas (estimadas em durar quatro anos por conta de sua instabilidade emocional). A história se passa em Los Angeles e posso dizer que não gostaria de viver nessa LA: a cidade tem um ar de abandono, de sujeira, com uma chuva que nunca para e pessoas estranhas, um futuro nada legal de se viver. Após um replicante se infiltrar na corporação que os criou, a Tyrell Corporation, e matar um Blade Runner que estava lhe aplicando um teste de identificação, o expert no assunto em “afastamento” de replicantes é chamado: Deckard (interpretado pelo consagrado Harrison Ford).

Sim, é em cima desse resumo que a história começa a se desenvolver. O mundo tecnológico e com uma aparência muito decadente possui ótimos efeitos, com ideias muito bem formuladas do que seria esse futuro de 2019, e a trilha sonora acompanha muito bem os momentos de suspense e drama que o filme possui.

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Dá para entender porque Blade Runner é um clássico após assisti-lo: além dos pontos que citei acima, o filme ainda aborda temas realmente interessantes. Na verdade, a grande “reclamação” que fica por conta de alguns que o assistem é o não aprofundamento a respeito das questões propostas (e são muitas a se analisar!), e a demora que o filme tem pra dar aquela “engrenada”, tendo um início um pouco confuso e sonolento, o que senti também ao ver. Mas digo uma coisa: aquela cochiladinha que você deu no começo vai ser muito bem compensada se você aguentar esperar.

A ideia de criar um universo onde seres criados pelos humanos começam a ter noções e sentimentos iguais aos nossos é um tanto assustadora, e somos confrontados com o fato de que muito pouco nos diferencia de verdadeiras máquinas. Esses androides possuem afeição uns pelos outros, e o filme mostra que eles são até mesmo mais unidos do que os próprios criadores, e até temos um romance entre as duas raças para mostrar que tudo é possível. A questão da solidão que o mundo tecnológico e capitalista trouxe à vida das pessoas também é retratada a todo o momento, principalmente em um determinado personagem que chega até mesmo a criar dezenas de bonecos para conviver com ele, e a cena em que seus amigos robotizados o cumprimenta ao chegar em casa causa uma reação digna de pena da situação do rapaz.

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Outro ponto bem interessante a ser notado é que a história se passa nos Estados Unidos, mas o próprio país parece não possuir mais identidade. Vemos diversos comércios orientais no meio da cidade, dando a impressão de que não existe mais uma nacionalidade própria naquela cidade escura, onde nunca vemos um sinal do amanhecer. Essas abordagens são apenas algumas reflexões que estão lá, inseridas sutilmente no universo criado por Ridley Scott e no roteiro escrito por Hampton Fancher e David Peoples.

Com um final incrível, Blade Runner é um filme assim, você pode falar dele durante várias horas, assistí-lo mais de uma vez e garanto que ainda assim achará novos conceitos e questões a se pensar que antes não haviam sido notadas devido a riqueza de referências e simbologias da história que temos diante dos nossos olhos.


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"All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die."

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